Voltei hoje a planície Alentejana. Cruzei o Tejo na ponte que ao longo de uma vida me viu atravessar esse rio que divide o país em dois.
Memorias da minha infância...dos que já não estão cá...mas que tanta falta fazem...porque a memoria são imagens, sons e cheiros....
Recordo o Chá de final da noite com bolinhos...sim, porque quando a família visitava...e as visitas eram obrigatórios, tinha que "ser por a mesa". Num tempo em que o desafogo financeiro não era o de hoje, era a oportunidade de comer uns bolinhos com chocolate, pois as caixas de bolos da Triunfo tinham sempre alguns bolos de chocolate embrulhados em prata.
A mercearia onde se comprava esses bolos já não existe, as compras são feitas numa das "medias" superfícies que a força da mudança da Câmara Municipal traduziu.
Sim, já não é um concelho vermelho, sim a agricultura é cada vez menos de subsistência e cada vez mais profissional, as lembranças de outros tempos são todos os dias levadas não pelo vento mas sim pelo força do progresso!
Sendo Ponte de Sôr uma "cidade" relativamente jovem, resiste melhor à desertificação que as suas vizinhas Avis ou Crato, mas....
Mas é preciso mais! É preciso estratégias de desenvolvimento, saber para onde vamos e agir em consonância com isso! É preciso empregos qualificados, com gente que procure serviços de qualidade, produtos de qualidade...é preciso a classe média! Essa força motora da sociedade..
Mas para já, a noite abate-se na planície...o frio impõe a sua lei...o vento continua a bater....
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