domingo, 31 de agosto de 2008

Doce Regional nº 1 - Por terras do Ribatejo

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A origem deste post prende-se com o compromisso familiar que ontem me tomou todo o dia de ontem.
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Desloquei-me eu até terra de Abrantes para assistir a um baptizado, daqueles do estilo corta-fitas que infelizmente vão proliferando por ai...o Padre de ocasião (das paroquias de S.Vicente e S.Paulo em Abrantes) bem tentou incutir alguma razão na mente dos pais e padrinhos...mas entrou a 100 e saiu a 200 km/h como mais tarde em conversa me apercebi..., bem resumindo: tive que ir para manter as boas relações familiares apenas...
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Mas voltemos ao cerne da questão, fui até Abrantes para assistir ao oficio religioso...em seguida deslocamo-nos até ao Sardoal para o comes e bebes (sim Sardoal, ainda estou para saber o porque do Sardoal, aquele fim de mundo (ainda consegue ser mais pequeno que Vila de Rei!!). Ora depois de um almoço fraquinho para tal ocasião, tive aquele tempo entre o almoço e o copo de água onde nada acontece...que ideia surgiu na minha mente? Fazer os 15 km até Abrantes à procura de melhores sabores!
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Cheguei ao centro de Abrantes, comprei o Jornal do dia e dirigi-me em marcha de urgência até à pastelaria mais perto acompanhado pelo meu Pai. Ao sentar o meu pai, na sua tipica constatação que adquiriu depois de palmilhar muitas gelatarias e pastelarias comigo apenas me disse: "para mim é o que tiver bom para ti". Ora que mais pedir naquelas circunstâncias (onde a fome não era intensa, pois nesse caso a tigelada de Abrantes teria sido uma opção), pedi a dupla maravilha: Um sumo de laranja natural com gelo e uma PALHA DE ABRANTES!!
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La veio o repasto: se é verdade que o sumo não tinha a necessária espuma, a palha estava ligeiramente torrada como mandam as regras deste doce próprio para Deuses.
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A origem da Palha de Abrantes, tanto quanto sei vem de um dos Conventos do século XV em Abrantes (e ainda me vêm dizer que as ordens religiosas são a causa do atraso peninsular...eu admira-me profundamente!) Este doce nesta cidade, prova bem a importância da mesma, a sua história e o seu papel durante inúmeros séculos no Ribatejo. São cidades como Abrantes, Covilhã, Chaves, Elvas, etc, que podem e devem potênciar o desenvolvimento do interior...cada vez mais centrado apenas nas capitais de distrito...que os nosso governantes olhem para elas....
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Deixo a receita:
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Com 250 gr. de açúcar e 6 gemas prepare os fios de ovos, deixe ferver a calda que ficou dos fios de ovos até fazer ponto de cabelo, deixe arrefecer um pouco. Junte 6 gemas e 2 claras previamente misturadas. Leve o preparado ao lume para cozer até fazer estrada, adicione uma colher de sopa de canela. Coloque o doce em coroa num prato de vidro redondo, por cima disponha os fios de ovos que deverão ficar soltos e fofos como palha.
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Embora sendo muito saboroso em qualquer ponto do país, tal como outros doces, recomendo que seja consumido no centro de Abrantes, onde a misticismo acentua o seu agradavel paladar!

domingo, 24 de agosto de 2008

Livros nº 3 & 4

Volto hoje aos livros, um sempre muito bom tema!

Nesta época em que o Verão começa a dar sinais de si, os dias se encurtam...enquanto caminhamos para essa época mágica que o Õutono representa...deixo aqui duas sugestões de leituras leves...um fim de semana para cada livro...e estaremos em Setembro e o verão será praticamente uma memória....

O autor tem por vezes demonstrado algumas posições publicas pouco ortodoxas e a meu ver (note-se, minha opinião) um pouco retrogadas (e sou eu um conservador lol)...mas depois de ler estas duas obras, rendo-me a capacidade de escrita simples e envolvente! Deve ter algo genético na familia do autor!

Aqui ficam as duas sugestões:

Um inicio arrebatador caminha para um fim mais histórico factual do que de um romance histórico, no entando cada página faz o leitor procurar ávidamente a seguinte! A história da uma familia latinfundiária alentejana no ínicio do século XX...uma lição de valores, sonhos, projectos e principios da terra pela terra.





Numa tónica completamente diferente, com mais romance e menos história do que o Rio das Flores, o Equador apresenta a história de um jovem "burgues" monárquico liberal no inicio do século XX em vésperas da implantação da Républica, a tentar mudar o mundo à sua volta ou a tentar apenas mudar-se a si próprio....







Restaurante nº 1

Em tempos alguém me disse o seguinte: "As grandes decisões neste país tomam-se à mesa"
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Neste rectângulo à beira mar plantado, onde a gastronomia é um ex-libris que apresentamos aos milhões de estrangeiros que todos os anos nos visitam; onde se duas povoações estiverem separadas por mais de 20 km, então é praticamente certo que detêm pratos diferentes na confecção & ingredientes e iguais na qualidade e na capacidade de agradar ao paladar...
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Acerca da importância que uma boa refeição tem para todo os verdadeiros portugueses e em que a instituição refeição, pela sua relevância serve para demonstrar todo o tipo de sentimentos e estados de espirito....deixo-vos um dos momentos mais cómicos da politica portuguesa:
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-Em tempos um porta-voz do Partido Socialista disse a propósito de uma declaração do Presidente do Governo Regional da Madeira (sim, o mítico Alberto João, ao que consta um verdadeiro portugues no que toca a comida...e ainda ele fala em independencia lol):
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"Essas declarações foram efectuadas depois de almoço, e portanto a sua importância é relativa"... :)
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Bem mas vamos ao que interessa:
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Conheci este restaurante em Vale de Urso, perto de Proença-a-Nova. Chamava-se então Famado, e conheci um dos seus donos, o Sr. Jorge. Fiquei adepto do restaurante desde a primeira dia....
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Agora mudaram-se para Abrantes e são ponto de paragem obrigatória nesta cidade ribatejana, mudaram o nome para Sabores do Pinhal...mas a qualidade a todos os níveis mantem-se similar: no expoente máximo.
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Deixo aqui uma recomendação: comecem pela Sopa de Peixe (um verdadeiro ex-libris), sigam por um prato regional, na época certa a carta conta com um Achingã grelhado com molho verde...., ou então para os apreciadores os Maranhos que são sempre uma opção importante!
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E depois as sobremesas, existe uma varidade de sobremesas locais (o leite creme queimado na hora, a Tigelada, etc.)...mas se forem como eu que depois de um repasto com direito a tudo (até um sumo de laranja com espuma:) e precisam de algo para terminar em beleza, mas uma sobremesa tradicional vos parece um desafio a que um estomago reconfortado já não possui a audácia necessária, então peçam uma Palha de Abrantes para terminar no espirito da cidade que acolhe este restaurante...
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Serviço 5 estrelas, igual ou superior aos melhores restaurantes de Lisboa, uma sala agradável com o requinte necessário e um preço surpreendente...15 a 20€ pessoa apenas - o melhor restaurante da relação qualidade/preço em que já tive o prazer de tomar uma refeição.
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Morada :Edifício S. DomingosFracção R, Rua S. Domingos2200 – 397 Abrantes
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Telefone: 241364453 (recomendo marcação)
Encerra: Quarta Feira.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Jogos Olimpicos: entre o sonho e a vergonha....


Fiz questão de esperar por uma medalha de ouro para abordar este tema aqui no blog.

Entre o sonho....

Depois da "miuda" ter corrido, nadado, pedalado rumo a uma muito orgulhosa e merecida PRATA, eis se não quando o Luso-Cabo Verdiano salta e resalta para o OURO Olimpico! Amanhã as quinas subirão ao mais alto dos lugares e "A Portuguesa" será entoada! Milhões de portugueses espalhados pelos 5 continentes sentirão um orgulho apenas repetido em apenas mais 3 situações (Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro).

E a vergonha...

E depois que é feito das dezenas de outros atletas portugueses que estão ou estiveram em Pequim? A excepção de uma meia duzia (como Gustavo Lima na vela que chegou perto perto...) somos todos os dias bombardeados com frases como: "de manhã so estou bem é na caminha..." mas está tudo parvo?! vão 78 almas para correr,marchar, cavalgar, velejar, nadar, saltar, pedalar, lançar, esgrimir, lutar e o que conseguimos? Pérolas e mais pérolas que deixam o Gabriel Alves parecer um menino do coro! Que vai fazer uma alma a Pequim cujo record pessoal não chegará nunca para passar a primeira eliminatória?! Alguem que me explique....passar férias?

Mas a culpa não é apenas dessas dezenas de lusitanos (nem todos são bem lusitanos mas isso fica para outras conversas)... somos um país que olha para as restantes modalidades de 4 em 4 anos quando existem jogos olimpicos....depois mergulhamos (e mergulho eu também...faço mea culpa) numa histeria por Futebol (que internacionalmente muitos bons resultados ultimamente tem dado, verdade seja dita) que nos impede de ver ao lado...findados os 4 anos queremos medalhas...lão vão as almas para o outro lado do mundo...e que mais do que desilusões este sistema pode ter?

Entre o sonho....

Estes jogos serviram pelo menos para que a China fosse obrigada a abrir-se um pouco mais ao resto do mundo, a poluição em Pequim foi reduzida....pode ser apenas uma pequena pedra num lago enorme, mas já é alguma coisa!!!!

E a vergonha....

Gostava de saber quem foram as almas responsaveis pela escolha de Pequim?

Um pais que ocupa o Tibete (ainda esta Segunda-Feira, segundo o Dalai Lama, foram mortos 140 (~) tibetanos em confrontos..., um país em que existe um unico partido que foi responsavel pela criminosa Revolução Cultural...em que não existe sequer acesso livre à Internet quanto mais o significado de Democracia...um país em que o respeito pela condição humana é perto de zero... o que faz a comunidade internacional? Dá-lhes a organizar os Jogos Olimpicos, o Barão Coubertin deve está a dar voltas na campa....

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Cronologia de um Chinfrim!

  • Sexta Feira, dia 1 de Agosto 8:30 - Lisboa
-Ao ler o Diário de Noticias em casa antes de um dia de trabalho deparo-me com uma noticia sobre o inicio de uma temporada de Jazz na Gulbenkien. Enquanto apreciador não educado deste tipo de musica, decidi averiguar. Recomendavam vivamente o seguinte espectaculo como sendo uma oportunidade unica:
E pensei porque não? 20€ o bilhete, é tempo de fazer alguma coisa mais cultural e aprender! Iniciei os contactos para convidar uns amigos e namorada!
  • Sexta Feira, dia 1 de Agosto 13:30 - Lisboa

Ao chegar a hora de almoço, resolvi comprar os bilhetes, coloquei-me on-line e aqui está o codigo para levantar na Gulbenkian.

  • Sabado, dia 2 de Agosto 23:00 - Castelo Branco

Ao ver a RTP2. No Cartaz das Artes referiam-se ao espectáculo como sendo uma oportunidade imperdivel! Fiquei muito animado e entusiasmado, ia assistir a um concerto por dois mestres do Jazz.

  • Domingo, dia 3 de Agosto 21:00 - Lisboa

Chego ao Gulbenkian. Está uma fila enorme para entrar, chego à bilheteira e está tudo esgotado. Pessoas tentam em vão ainda arranjar bilhete. Espero um pouco, levanto os bilhetes e entro.

O concerto é ao ar livre num auditório rodeado de arvores, uma noite de verão 5 estrelas. Estava tudo montado para ser uma bela experiência musical. A minha espectativa era enorme!!!

Entretanto passa a minha frente, primeiro um tipo de turbante, mas um tipo ocidental...comecei a recear o que daqui vinha....um tipo de turbante? Circo aqui? Em seguida um tipo com umas calças de circo tambem se atravessa...ai comecei a ficar preocupado....pensei que a Gulbenkian era uma coisa séria....mas pensei a cultura é para todos!

  • Domingo, dia 3 de Agosto 21:30 - Lisboa

Sobem ao palco dois marmejos. Um deles o "saxofonista" (sim entre aspas), vem preparado para a eventualidade de se iniciar ali uma guerra no meio de uma zona nevada (gosto especialmente desta moda das calças camufladas para a neve, nunca se sabe quando vai nevar em Agosto em Lisboa ao mesmo tempo que se inicia uma guerra, logo devemos andar preparados...). Já desconfiando resolvi pensar que os artistas tem que se sentir à vontade e portanto se o homem gostava desde que tocasse bem com o ambiente ao ar livre tudo se desculpava!

Eis que começam a tocar, peço desculpa, a fazer uma chinfrideira monumental...mas uma coisa...bem não existem palavras para descrever a valente treta que ali ia. Estou a falar de ruidos aleatórios...(http://www.youtube.com/watch?v=qRbvwChy820). Enquanto o camuflado para a neve coçava sistematicamente o seu real traseiro, o guitarrista (um senhor já mais velho) dedicava-se a pegar em escovas (sim daquelas de limpar sapatos), esponjas (sim de lavar pratos), correntes, arcos de violinho e tudo o mais que se lembrasse e vai de aleatóriamente esfregar nas cordas da guitarra...

Enquanto isto, o pessoal cá fora começava a abanar a cabeça ao suposto ritmo daquilo (ritmo que sinceramente não consegui detectar pois tudo era aleatório)....gostei especialmente de um que começou a curtir o ritmo antes do ruido se iniciar...

Ao fim de 45 minutos e de começar a ficar com dor de cabeça, resolvemos sair...enquanto saimos mais 2 ou 3 pessoas tambem saiam....

Resumo: Não me lixem, não sei quem poderá gostar daquilo. Pois aquilo não é nada! Mandamos 20€ para o lixo.

Em boa hora resolvemos ir para aqui (lavar as máguas da experiência traumatizante que tinhamos passado):

http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/desenvRegArtigo.asp?reg=404389&catbn=374

E foi assim a minha primeira ida à Gulbenkian!