sábado, 4 de abril de 2009

Batalha de Atoleiros


Comemora-se na próxima segunda feira, dia 6 de Abril, 625º aniversário da Batalha de Atoleiros. 

Após a tomada do poder por D.João I em Lisboa, Nuno Alvares foi nomeado fronteiro-mor do Alentejo (cargo similar ao que seria mais
 tarde no século XVIII e XIX o Governador de Armas do Alentejo) com o objectivo de impedir uma invasão por uma das 3 rotas tipicas de invasão de Portugal - Alto Alentejo (as outras duas são entrada por Castelo Branco na Beira Baixa e Braga no Minho). 

Numa época em que as lealdades pessoais e feudais se sobrepunham ao ainda emergente sentimento nacional, a Batalha de Atoleiros viu o irmão do Condestavel lutar no lado Castelhano.

Em termos tácticos, pela primeira vez, as tropas portuguesas fecharam em quadrado com todas a cavalaria a desmontar para lutar a pé lado a lado com infantaria (algo até então considerado inglório). Seguiu-se uma orgulhosa carga de cavalaria pesada pela fina flor da nobreza castelhana, desbaratada em poucos minutos perante uma organizada e compacta linha portuguesa. Está tactica iria ser bem sucessida mais tarde um pouco por todos os campos de batalha da Europa (em que a famosa Batalha Anglo-Francesa de Azincourt é apenas mais um exemplo).

Estive hoje na "pequena" feira mediaval organizada em Fronteiro pelo municipio, sendo que amanhã, será levado a cabo uma recriação da Batalha entre as duas hostes em contenda.

A Batalha de Atoleiros revelou o espirito e  fibra do Condestável, bem como a sua dedicação à causa Portuguesa de D. João I, espirito esse que o acompanhou até aos ultimos dias da sua vida. Fica um pequeno excerto atribuido a Nuno Alvares Pereira no final da sua vida que ilustra essa mesma convicção:

"Frei Nuno recebeu o embaixador de Castela,
em sua cela, amortalhado no hábito.
‐ “ Nunca mais despireis essa mortalha?” ‐
perguntou‐lhe o castelhano.
‐ “Só se el‐rei de Castela outra vez movesse
guerra a Portugal...”
E erguendo‐se:
‐ “Em tal caso enquanto não estiver sepultado,
servirei ao mesmo tempo a religião
que professo e a terra que me deu o ser”.
Por baixo do escapulário tinha o arnez vestido.
O castelhano curvando a cabeça, saíu."

1 comentário:

Cristiana Carinha disse...

Será que algum dia vou ter o prazer de me sentar contigo, numa bela tarde solarenga e num jardim deslumbrante, apenas para te ouvir contar algumas das mais enigmáticas histórias (e estórias) da História de Portugal?
Espero bem que sim...
Beijinhos grandes e uma excelente semana!